Editorial

nº 10 ano 3 | Setembro 2012

Neste período de eleições municipais entregamos à vocês mais um edição da Revista e-metropolis, e, claro, não poderíamos deixar de tratar sobre um tema tão importante para o país! Assim, o nosso artigo de capa debate a instaurada tese acerca da relação entre eleições municipais e o desempenho dos executivos estaduais e federal. Para o autor Nelson Rojas de Carvalho é pouco provável que, detidos nessa análise, os analistas políticos discutam sobre a nova territorialidade dos conglomerados urbanos e os desafios implicados numa nova dinâmica socioeconômica. O artigo As Eleições Municipais e a Questão Metropolitana é uma atenta análise do processo partidário brasileiro e promove uma interessante discussão sobre a qualidade da governança frente à nova territorialidade metropolitana.

Dando seguimento à revista, o artigo A Participação Popular Como Instrumentação Para Um Modelo De Gestão De Sítios Históricos Urbanos, de Michele de Santana, analisa as disputas e os conflitos travados entre a população e setores do empresarialismo urbano na gestão de sítios históricos e destaca a importância de um modelo de participação popular para a qualidade de vida da população nativa dessas áreas. A partir do estudo de caso feito no Sítio Histórico de Olinda a autora ilustra a relevância de um canal de comunicação popular para a gestão democrática das áreas históricas brasileiras.

Uma importante contribuição no debate ainda posto no Congresso Nacional a respeito do novo Código Florestal é feito pelo artigo Regularização fundiária e os conflitos com as normas do Código Florestal para APP urbana. As autoras Maria do Carmo Bezerra e Tatiana Chaer tratam especialmente do conflito de gestão nas APPS - Áreas de Preservação Permanente - quando regidas pela legislação ambiental e urbana e também como o município, através de seu plano diretor, pode vir a assumir um papel de destaque na redução dos conflitos nessas áreas.

Identificando a falta de uma referência expressa à cidade polo da área que corresponde à Região Metropolitana do Vale do Aço, nosso último artigo faz uma classificação dos 26 municípios que compõem a região na tentativa de estabelecer a cidade de maior centralidade. No artigo Conhecendo a Região Metropolitana do Vale do Aço (MG) e seu colar Metropolitano os autores Romerito Valeriano da Silva e Leônidas C. Barroso mapeiam as cidades de maior potencialidade e as mais vulneráveis e demonstram a elevada desigualdade de desenvolvimento na RMVA mineira.

O entrevistado desta edição é o renomado professor de sociologia da Universidade de Chicago, Terry N. Clark, que nos falou sobre uma das ideias centrais de seu livro “The City as an Entertainment Machine”, uma crítica a respeito dos processos causais normalmente aceitos para explicar o crescimento das cidades. Para o autor, estudar a relação entre consumo, entretenimento e política de desenvolvimento urbano implica numa perspectiva multicausal já que tanto fatores materiais quantos não-materiais atuam de forma interdependente e cada um desses processos ocorre simultaneamente.

O debate sobre democracia participativa é retomado através da resenha Descentralização e Democracia Participativa no Uruguai, feita por J. Ricardo Tranjan. A resenha dialoga com o livro Barrio Democracy in Latin America: Participatory Decentralization and Community Activism in Montevideo, de Eduardo Canel, que estuda a formação e as transformação da sociedade civil em três bairros de Montevideo. Destaca-se na resenha também a oportunidade de conhecer a história política do Uruguai e a análise dos fatores estruturais que conformam a sociedade civil daquele país.

Na seção especial, a professora Eliana Kuster nos faz viajar um pouco ao lançar a pergunta: até que ponto a forma das nossas cidades é resultante da evolução nos nossos meios de transporte? Através do olhar da arquiteta, acompanhamos a exposição ‘Quand nos mouvements façonnent les villes’, que ocupou a Cité de l’architecture & du patrimoine, em Paris, por alguns meses de 2012. Percebemos de forma clara como, profundamente atreladas às maneiras de se fazer a circulação urbana, estão também as formas de se organizar e de se viver em uma cidade.

Finalmente, o ensaio fotográfico desta edição é um registro fotográfico das relações afetivas vivenciadas nos espaços da cidade, nesse caso a periferia de Goiânia. O ensaio imagético-poético foi feito pela professora da Faculdade de Artes Visuais (FAV/UFG) Manoela dos Anjos Afonso entre 2006 e 2012 e faz parte do projeto artístico Daily Routes.

Esperamos que a leitura da décima edição seja tão proveitosa para o nosso leitor quanto foi para nós, editores, a sua elaboração. Divirtam-se!